quarta-feira, 30 de abril de 2008

Meu amigo Leprechaun

Atendendo a pedidos, vou finalmente atualiza-los sobre aminha vida na cidade dos Leprechaus (a propozito, eu danco como ninguem a musica irlandesa, sendo inclusive cogitado para ser o protagonista do longametragem “Meu amigo Leprechaun”).

Para quem nao sabe, a Victoria Jackson nao faz mais parte da minha vida (tem gente que nao sabe nem que a Victoria Jackson fez parte da minha vida, ou quem diabos ‘e Victoria Jackson, mas finge que vc sabia). Cansei da vida de 12h de trabalho diarias, seis dias por semana, para ganhar menos que o salario minimo irlandes. Para voces terem uma ideia, a profissao foi abandonada na sexta-feira ‘ultima, e ainda sinto sequelas fisicas nas minhas pernas e p’es dos dias de caminhada. To fora.

Por’em, passado o alivio de sair da tortura fisica e pscicologica daquele emprego dos infernos (exagero) comeca a constante eigualmente cansativa procura por um emprego (a proposito, eu poderia estar mandando curriculos pela internet nesse exato momento, mas estou escrevendo nesse blog para atender as pessoas que cobram uma postagem. Portanto, voce pode ser um dos responsaveis pore u nao arrumar um emprego e voltar para o Brasil com uma mao na frente e outra atras).

Fiz algumas entrevistas. Na mesma sexta em que me demiti, fui ao KFC para uma entrevista, mas nao me retornaram ainda… deve ter miado.. No sabado eu fui trabalhar de garcom. Deixe-me contra melhor essa historia. Antes de iniciar o trabalho nas maquiagens, eu tinha arrumado para trabalhar de garcom nos cinco dias do evento Puncherstown Racing Festival (corrida de cavalos), que me renderiam em torno de €100 por dia. Mas a vida ‘e feita de escolhas e optei pelas maquiagens. Porem, no dia em que pedi demissao, ouvi boatos de que tinha bastante gente faltando e eles estavam pegando as pessoas que apareciam la na hora. E la fui eu. Resumindo a historia, acordei cedo, mas consegui trabalhar. De garcom. Na raca. Apesar de um prato quebrado, foi um bom dia.

Agora a batalha segue. Curriculos em lojas, por e-mail, agencias de emprego, algumas promessas, mas nada no horisonto. Mas sabe como sao as coisa. De uma hora para outra tudo muda, e poderei estar empregado e ganhando milhoes. Muito mais do que vcs, pobres mortais que estao vivendo no terceiro mundo HAHAHA (minto).

Mas de uma coisa eu posso me gabar. Tenho o que comer. Tirando o cartao de credito que manda a conta direto para a lista de despesas da minha mae e do meu pai, nesta manha de quarta-feira eu conquistei meu proprio alimento. Toda quarta-feira, ‘as 10h da manha, formasse uma fila em um local que fica a aproximadamente uns 20 minutos a p’e da minha casa, onde um por um eles entregam uma cesta com alimentos doados para a caridade.

No saquinho veio bolachas, pao, cha, um potinho de nutela (manja?) entre outras coisas. Mas no dos moleques veio iogurte tb, leite, mais pao, deu para encher a geladeira.

Agora voce pensa. Esse rapaz saiu do Brasil com um diploma de jornalismo, pagou cerca de 15 mil reais para fazer essa viagem rumo a insossa Dublin, para pegar comida da caridade. Agora eu te respondo. Sou brasileiro. Precisava disso? Nao. Mas a falta do que fazer e o entusiasmo de alguns colegas te levam a lugares inimaginados. Como disse sabiamente meu caro colega paraense Francisco, se a fila fosse para distribuir colirio, pediriamos duas gotas em cada olho.

Outro fator curioso das ironias do destino. Minha mae, com toda a gentileza que Deus lhe concedeu, enviou-me uma caixa com alguns artigos de grande uso aqui (como ternos e camisas) e, para minha alegria, meu Playstation 2. Pensei “Acabou os problemas. Chega de tedio. Vamos Maradonear (como diria o Xaps)”. Mas calma companheiros. Nao foi bem assim. Chegando aqui, lembrei que a Tv estava sem controle remote, portanto nao dava para colocar no AV e usufruir do game. Mas calma, eh soh um atraso nos planos. Dia seguinte, juntei minha boa vontade, me dirigi a Argos (loja de departamentos que vende produtos por catalogo) e comprei um controle remote universal. Agora ‘e soh alegria? Naaaao. Quem disse que ‘e possivel configurar o controle? E nao ‘e falta de ingles, pois o manual tem sua parte em bom e velho portugues. Mas o problema deve ser na TV. Ou seja, nada de Wining Eleven para mim.

Voce deve estar pensando: “que azar heim meu!?”. Mas nao. Esta tudo dentro dos conformes. It`s the FATE (meu ingles ainda 'e uma bosta). Eu vivo em Lost.Voce vera o porqu^e. Nesta quarta-feira, coloquei em minha cabeca que nao sairia na rua em busca de emprego e pouparia minhas pernas que estao doendo um bocado. Mas, apos dormer bastante, e sem nada para passer na TV, o tedio me consumiu. O que eu fiz? Joguei video-game? Naaaao. Nao dava para jogar. Entao eu passei aspirador na minha empoeirada casa. Viu? Tudo acontece por um motive na Irlanda. Com o Winning Eleven, nunca arrumaria emprego, nao escreveria isto no blog, estaria debulhando os meus colegas de casa com o Barca ou o Manchester (meus times europeus do coracao).

Beijos.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Dica para suportar a saudade


A principal dica para agüentar um longo tempo de distancia é fingir, inventar, similar outra realidade. Mas lembrem-se: é fundamental que a pessoa finja somente que vive realidades plausíveis.

Vamos aos exemplos:

1 – Finja que não é o ano 2008. Finja que vivemos em uma história de Gabriel Garcia Marques e os inúmeros e-mails trocados nao passam de cartas de amor com juras eternas que podem demorar 80 anos para se concretizarem.

2 – Finja que tudo não passa de um filme. Mas um pouco diferente. Não será preciso que um anjo apareça para mostrar como seriam as coisas se a opção da viagem não fosse levada a sério. E sim haverá uma viagem. Mas ela será só o início da trama, que ainda incluirá reencontros, reconquistas, relembranças, mas sem esquecer do indispensável happy end.

3 – Finja que o avião nunca chegou na Irlanda. Que uma onda magnética o derrubou no meio do caminho e só existe um computador com o qual você consegue se comunicar com o mundo exterior, mas nunca pedir ajuda. Que cada um dos sobreviventes tem um objetivo, como se tudo fizesse parte de cada destino (fate) e o seu é perceber como cada mania, defeito e qualidade do que ficou te faz falta.

Agora, com todos os exemplos, só não tente pensar que a saudade vai passar, fingir que você vai esquecer, porque, como eu disse, só funcionam as realidades plausíveis e, convenhamos, essa não é uma delas.

terça-feira, 1 de abril de 2008

19 dias

Eu nao tenho computador em casa. Meu acesso a internet se restringe aos euros gastos em lan houses (em geral €1 por hora) e na escola, onde estou agora. O esquema aqui ‘e tipo do laboratorio da Metodista, quando nao tem aula voce pode usar avontade. Mas aqui sao somente dois laboratorios consideravelmente menores e bastante concorrencia e aulas. Portanto, com isso, eu explico para todas as pessoas que estao avidas por informacoes minhas, o motive para a minha falta perante ao meu tao aguardado blog.

Mas c’a estou eu. Com minha primeira postagem e sem acentos, o que dificulta a interpretacao de alguns trechos (se alguem quiser ter acesso a minha senha e honestamente corrigir estas falhas, entre em contato)

Hoje faz 19 dias (se minhas contas nao estiverem erradas) que estou vivendo neste pais completamente desconhecido, mas com caracteristicas bem familiares ‘as das grandes cidades, cijo estilo de vida ja estou mais habtuado. No inicio rumei para uma especie de albergue, onde 19 brasileiros dividiam uma bela casa no suburbia de Dublin. Esta era a moradia que todos haviamos pago ainda no Brasil, pago com o suado dinheiro dos nossos pais (na maioria das vezes). Porem, pouco mais de uma semana ja havia me mudado para um novo lar. Ninguem fica no antigo, por ser caro, cheio, tumultuado e sujo. Agora meu lar se resume a um apartamento terreo localizado no 23 H Dorset Street Lower – Dublin 1 (para quem nao entende o sistema de enderecamento comum aqui na Irlanda, 23 ‘e minha casa, H ‘e o apartamento, Dorset St. Lower ‘e a rua e Dublin 1 ‘e o county [tipo um bairro e tal]).

La eu vivo com mais cinco pessoas, sendo divididas em tres quartos. O menor fiicou para minha pessoa, juntamente com o caro Bruno Rocha. Bruno ‘e um bom rapaz, ovo-lacto-alcoolico-sexo-vegetariano, musico, nascido e criado em Cruzeiro, interior de Sao Paulo (a mesma cidade que foi o JUCA, manja?). Este rapaz deixou e uma noiva e uma entiada de oito anos que o chama de pai para seguir esta ideia de girico comum a todos os brazileiros deste pa’is (o Z foi proposital).

Ate o presente momento eu nao tenho nenhum relacionamento proximo com nenhuma pessoas nao proveniente do Brasil. O mais perto foram rapidas conversas em bares e afins, o chines cujo o nome real eu nao sei pronunciar, mas adotou em ingles o nome de Sky (nao a TV, tipo o ceu), as professoras (Aiofa e Dee) e funcionarios e proprietarios de estabelecimentos cujo o service eu precisei de alguma forma. Contudo isso, imaginemos que neste pequeno periodo meu ingles nao improve nada.

Certa vez, ao adentrar em um estabelecimento a procura de alguns pregos para colocar na minha parede e pendurar roupas, eu nao soube me comunicar com o meu querido irlandes que me atendeu. Foram precisos alguns instantes e a ajuda de alguns colegas que me acompanhavam para lembrar a palavra nails. Mas o pior ainda estava por vir. Decifrado o codigo que as pessoas de paises de origem anglo-saxonicas usam para pedir pequenos pedacos de ferro que sao feitos para prender coisas na parede, o nosso gentil irlandes quis saber o tamanho do artefato. Como nao sou um grande entendedor de pregos, respondi: I don’t know. Estas pequenas tres palavras foram o suficiente para desencadear uma ironica furia sarcastica deste habitante de terras tao belas, que passou a gritar: What size? This size? This size? This size (ele especificava cada tamanho com a mao). Acuado e sem saber como me expresser devido a limitacao do meu ingles e meu nervosismo devido a limitacao do meu ingles, so consegui timidamente apontar para um saco de pregos que estava ali no canto. O amigavel senhor irlandes prontamente apanhou os nails e me informou a quantia de €3 para ficar com todos. Como para mim, ate o momento, esta quantia ‘e consideravelmente alta, deixei os pregos de lado e segue resignado ao meu lar.

Esta historia comovente demonstra um pouco sobre minha situacao neste pais. Nao sei pedir um prego e tres conto ‘e caro para mim. Compreendem?

Outro episodio tambem pode ser bem caracteristico. No ultimo domingo, as pessoas que bebem no meu apartamento decidiram passer no Tesco (um supermercado popular) e comprar duas caixas de Biere D’or (uma cerveja francesa de baixo custo). Feito, bebemos e nos alegramos e, para nao desperdicar o estado alegre, decidimos rumar para o Turkeys Head, um Late Bar (tambem conhecido como Barlada por mim no Brasil). Porem um fato nos supreendeu. Estava chovendo com certa intensidade. Entretanto, nos, irlandeses que somos, saimos a pen a chuva. Chegando ao late bar, estava vazio. Toda regiao do Temple Bar, conhecida pelos seus bons Pubs e muito procurada por turistas, estava vazia. Determinados, seguimos para o Turkeys Head. Porem, ao tentar adentrar, somos parados pelo seguranca que em seu fluent ingles nos olha com olhos desconfiados e sinicos e nos pergunta de onde somos. Dissemos que somos brasileiros (o que ‘e verdade), mas nao satisfeito com a nossa procedencia do pais do futebol, perguntou quanto dinheiro nos iamos gastar aquela noite. In fact, nao iriamos gastar nada. Ja tinhamos bebido e so queriamos respirar novos ares, mas somente fomos recebidos com cinismo. Adentramos o recinto, vimos que estava uma bosta la e demos o fora. Mas eu nao fiquei feliz, voces entenderam porque n’e? Se nao me engano, no Brasil, uma attitude como esta seria caso de policia. Porem, aqui, todos os estabelecimentos estao equipados com uma plaqueta que indica que a gerencia se d’a o direito de proibir a entrada de qualquer pessoa. Esta ‘e uma liberdade que s’o o nosso amado capitalismo nos beneficia.

Este foram dois fatos de minha vida cotidiana em Dublin. Preciso de emprego, preciso acertar os tramites burocraticos do meu visto, mas a vida segue.

Logo eu retorno com outros fatos da vida cotidiana.

Boa noite.