quarta-feira, 29 de abril de 2009

O retorno

“Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar”

Eu também não. Pelo menos eu tento. Primeiro eu volto da Irlanda e tenho que conviver com a vida cotidiana e morar com os pais. Tenho um mundo de possibilidades na vida real para explorar e isso me anima. Ou melhor, me animava. Agora faz cerca de um mês e meio do meu retorno e o que sobrou?

Logo de cara comecei os projetos de uma ONG em que eu seria (ou ainda vou ser) membros da diretoria, e na qual passaríamos (ou passaremos) (ou passarão) filmes e documentários para pessoas que normalmente não tem possibilidade de ir ao cinema, na favela.

Ativei meus poucos contatos em busca de um emprego satisfatório. Afinal o que mais pesou no meu retorno ao Brasil foi a possibilidade de trabalhar em algo que eu goste e não como garçom em um hotel burguês (embora neste eu ganhe mais do que em empregos legais por aqui). E as coisas andaram mais rápido que eu esperava, dependendo só de mim para dar certo (ou era o que eu achava).

Revi todos os meus amigos. Recepções ótimas de pessoas que eu sentia saudades. Festas, baladas, diversão.. vida social ativa e intensa, regada de viagens (mau paro um final de semana em casa).

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Da ONG, ainda sobra atividade, mas me falta empolgação. Cargos diretivos e trabalhos burocráticos não são a minha. E se isso é tudo que está sendo feito com a ONG, não me anima muito. Continuo participando (embora tenha faltado as últimas quatro reuniões e provavelmente faltarei a quinta). Mas pelo menos eu providenciei os cartazes da mostra.

Sobre meus contatos. Aahh meus contatos. O primeiro empecilho fui eu mesmo. Como eu disse,e só dependia de mim fazer um texto fenomenal sobre minha grandiosa viagem cruzando a Europa. Bom, em minha opinião, fiz um texto medíocre e burocrático. Mas, para prolongar minha angustia, a pessoa responsável por me enviar a resposta esteve ausente do trabalho por forças maiores e tardou a resposta. Ele prometeu para a manhã de amanhã. Vamos aguardar.

Enquanto isso, parti para o plano B da busca por emprego: Currículos. Mas as poucas vagas disponíveis para jornalistas em um período de crise são disputadas pela massa que perdeu o emprego e, devido a essas circunstancias, eu mal recebo uma resposta negativa dos empregadores. Também tentei propor pauta para a Trip, mas, é claro, não deu em nada.

Com tudo isso, me sobra uma tarde inteira na frente do computador “com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”. Para completar, ainda tento resgatar um relacionamento morto, com sentimentos mortos, que não tem futuro nenhum.

Agora me perguntem se estou feliz no meu retorno, eu respondo que sim. Não me imagino em nenhum outro lugar e estou trabalhando para tentar fazer tudo que não deu certo ainda, dar. Mas isso demora e, como já dito nesse blog, esperar cansa. E pior que isso, te faz tomar decisões erradas e apostar as fichas em lugares errados.

Mas como já disse Renê Rojas no comentário mais significante que este blog já recebeu: “E, como diria o Getúlio Vargas "As vezes vencer é saber esperar"”.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Blindness

Hoje eu fui ver Blindness. Impaciente que sou, eu odeio esperar. Por mim, sempre que eu posso fazer alguma coisa para mudar o que me insatisfaz, eu tenho vontade de fazer. O problema é que na maioria das vezes não faço a menor idéia do que fazer. Isso complica bastante a situação. Nesse tempão sem trabalho e sem nada para fazer, sentar a bunda no sofá e ficar escravizado na maldita internet me incomoda. Ontem foi legal. Sai pelas ruas da cidade sem rumo, acompanhado da igual desocupada Rafaela, e acabei voltando para casa com um livro novo e cheio de vontade de fazer coisas diferentes. Tiveram muitos dias em que adiava a saída da cama quente simplesmente por não ter absolutamente nada para fazer nesse “inverno de nossas vidas” (tirei esta frase da minha cabeça aleatoriamente, sem saber de onde tinha a retirado.. como sempre o Google (L) me ajudou e descobri que vem de uma música da banda Glória, manja? A banda do Mí... ex-baixista do Dance of Days. O Mí, para quem não lembra, tinha o cabelo rosa e sua pequena estatura fazia com que ele se assemelhasse em muito com Napoleão. Aquele mesmo, o francês. By the way, ontem eu lembrei do Dance Of Days pois eu fui num lugar ai, dai para identificou quem já tinha entrado e pagado, eles fizeram um X na mão. Igual os Straight Edge (corrigido), que o Nenê Altro era nos bons tempos. Nos tempos daquele show na cultura, em que ele era só um nerdinho e que o Keixada aparecia de boné nos fundos da gravação do show. Isso foi antes dos Marroneys, antes do Dênis e da Tata morrerem para o Lipinho, antes de a gente ficar preso para fora de uma festa na casa de uma menina em que os Bandeides tocariam e o Di não ligar para isso, antes do Di começar a namorar a Naty, forçando a Ariane herdar o posto de amiga da Carol e, conseqüentemente, minha amiga mulher. Agora o Nenê é um velho de cabelo rosa, mas acabam de lançar um Cd novinho, chamado “Insônia 2008” que eu não ouvi ainda. Falando nisso outro dia eu conheci duas meninas Vegans, que não comem carne e adoram Falafel, era uma alemã e uma brasileira, mas nunca mais as veremos.). Mas hoje foi diferente, acordei meio dia, determinado, pois a sessão do Blindness era ás 14h em ponto. Nem um segundo depois. Como o cinema fica a cerca de três minutos a pé da minha casa, daria tempo o bastante. Tomei banho. Coloquei minha blusa nova de frio intenso recém comprada na Pennys por míseros 15 euros, substituindo a antiga, com forro laranja, já citada no outro blog em postagem semelhante, que eu perdi no Quinns (coisa assim), quando deixei jogada num canto, para não gastar dinheiro co chapelaria, pois sou mão de vaca, e todo mundo faz isso, e nunca dá nada. Preparei três ovos com queijo para serem comidos no pão tostado com cream cheese. Comi. Convenci a minha companheira de desocupação Rafaela a deixar de lado os exercícios de inglês e ir comigo. Chegamos 15 minutos antes da sessão. Mas, para minha surpresa, e frustração, Blindness não estava mais em cartaz. Hoje eu fui ver Blindness, mas não vi nada. Voltei para casa e agora estou novamente escravizado na maldita internet, escrevendo este texto para vocês, ouvindo Little Joy, que é a banda do Rodrigo Amarante, o ruivinho do Los Hermanos, com o Fabrizio, baterista do The Strokes, que é brasileiro. Já ouviram? Então ouçam e depois me digam se gostaram, porque eu ainda não sei se eu gostei. Talvez vocês me convençam. Pois, nesse momento, minha musica favorita é “Most of the Time” do Bob Dylan, o Rei Bob, minto, Rei Bob só um, sagrado, abençoado por Jah. Essa música sucedeu “The Youth” do MGMT. Eu faço isso enquanto eu espero. Espero dar hora da Rafaela ir trabalhar, porque ela descobriu que tem que trabalhar hoje. Espero eu ver se eu saio de casa. Espero ver se eu vou no cinema, deprimentemente, sozinho. Espero para ver se saio hoje. Espero a hora de ir trabalhar amanhã. Espero Chegar a época do natal, quando trabalharei bastante. Espero janeiro, para ver se vou trabalhar o bastante ou não. Espero dia 27 de janeiro, para começar a viajar. Espero dia 5 de março para voltar. Espero dia 13 para ir para o brasil. E espero todo resto de minha vida para ver o que vai acontecer com ela, pois eu não tenho a menor idéia. E eu odeio esperar.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Querida mamãe!

Atendendo ao pedido de minha querida mãe, e vocês sabem que eu não ousaria recusar um pedido de mãe, deixarei de lado minha pseudo-literatura de ficção para lhes proporcionar um pouco de sabedoria sobre minha brilhante vida na Europa.

Para começar, eu mudei né. De casa. Fruto do meu desentendimento com o polonês da outra casa, vim parar em uma casa com mais quatro brasileiros e um canadense. A casa é bacana, o pessoal é bacana, mas tem seus lados negativos também. A parte ruim é que todo mundo fuma na sala, portanto, ao me visitar você corre o risco de voltar para casa fedendo cigarro, coisa que não acontece nem quando você vai para a balada por aqui.

Outro ponto é que eu divido o quarto com todos moleques da casa. Ou seja, somos em quatro num quarto. O que a primeira vista parece ser um grande problema, mas que não é um tão grande assim. Todos temos horários de trabalho variados e, com isso, temos nossos momentos de privacidade. E, mesmo assim, sempre passamos o tempo todo na sala. Quarto é só para dormir.

No quarto somos eu, Rafael (Guzula), Itamar (que mora na Vila Duzzi, São Bernardo do Campo) e nosso querido jovem de Vancouver Brendan. Este último é um caso a parte. Aos 18 anos de idade, o menino largou a vida fácil no Canada para viver por aqui. Mas o fato é que ele não percebeu que a vida aqui não é tão fácil. Portanto o garoto passa dia e noite (e eu digo noites e noites sem dormir) na pratica de W11 black and white. Joga Master Liga e tudo.

Fuma igual um capeta, cada dia traz uma garrafa maior de Jamesson para casa. Com tudo isso, não lhe sobra tempo para ir atrás de emprego. Ele, assim como eu, também teve uma experiência frustrada na venda de pacotes de Sky, mas também desistiu com uma semana. As vezes lhe bate o desespero e ele vai atrás de algum dinheiro, mas isso é normalmente às 19h, o que é muito tarde para se procurar um emprego. E assim ele vai levando a vida, até que ele fique sem dinheiro e não consiga mais pagar o aluguel e seja chutado sem piedade por nós.

O outro quarto é de casal e ficam as meninas da casa, Rafaela e Jaca. Elas são as mais velhas na casa, são de Santa Catarina, se não me engano, e não há muito para se dizer sobre elas.

De resto, continuo trabalhando pouquíssimo. Meu tédio pela falta do que fazer me faz querer sair toda noite, o que na semana passada me rendeu um prejuízo astronômico. Esta semana estou me controlando mais, mas mesmo assim a grana vai embora. Nem credito para o celular to comprando mais. De volta às vacas magras.

Os planos de viagem continua firme e fortes, mas não teve mais novidades. Natal e ano novo passarei trabalhando. Não sei se exatamente na data, mas nos arredores com certeza. Isso é bom pois terá bastante trabalho e, hopefully, com bastante gorjetas.
Bom. Talvez um dos posts mais desinteressantes do todos os tempos. Mas na tarde desta quinta-feira cinzenta é o melhor que posso oferecer.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Euro Trip Super Star Delux 2009


No dia 27 de janeiro começa-se mais uma fase na vida de Felipe Raboni Floresti. A tão esperada grande Euro Trip 2009 terá início ao embarcar junto com seu comparsa Michael Becker no aeroporto de Dublin rumo a Londres. Serão exatos 36 dias transitando neste mundão de trem e avião. O roteiro já está todo pronto (só falta comprar as passagens e transformar as coisas em algo mais concreto).

Mas vamos aos sonhos:
Dia 27 de janeiro às 11h50 o avião partirá de Dublin Airport com destino ao London Gatwick. Lá reencontrarei minhas amigas Manuela Natália Ballotin, Nadia Moragas e Luciana Campos e, talvéz, encontrarei meu antigo amigo Jeferson Barbosa Rosa que está morando lá e é primo do grande jogador do Chelsea Deco.

Após isso, no dia 29 de janeiro, embarcaremos para a cidade de Porto (sabe como chama quem nasce em Porto? Portoguês.).. Lá ficaremos apenas até o dia 1º de fevereiro, quando iniciaremos nossa perambulação de trem.

Daí não pararemos mais. Passaremos por Lisboa, Madrid, Barcelona, Marseille, Nice (Mônaco), Milão, Berna, Paris, Bruxelas, Amsterdã, Berlim e por fim Praga. Provavelmente chegaremos ao destino no dia 1º de março. Daí seguiremos na capital da Republica Checa até o dia 4 de março, quando embarcaremos às 10h25 para a Dublin.

No dia seguinte, Michael Baker embarcará de volta para a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, enquanto eu terei até o dia 13 para ficar em solo europeu. Talvez eu ainda faça mais uma viagem,mas está em aberto. Depende da grana.

Voltando à realidade:

Até o dia da grande viagem (que é a grande empolgação da minha vida no momento), tem um loooongo chão para ser percorrido. Principal obstáculo, arrecadar dinheiro. O fato é que eu não deixarei de viajar, o que mudará é o conforto e a quantidade de recursos a ser convertido em diversão.

Atualmente eu estou trabalhando cerca de 20 horas por semana, o que me garante rendimentos ínfimos. Ainda tenho um certo dinheiro em minha conta bancária, o que me dá certa tranqüilidade. Mas este não é o bastante. A minha esperança é que meu chefe paquistanês me garantiu (e você sabe que palavra de paquistanês tem valor, já que quando eles falam que vão por uma bomba no próprio corpo eles realmente colocam e explodem tudo) que quando eu tirar férias e for liberado pela legislação irlandesa a trabalhar 40 horas por semana, eu trabalharei 40 horas por semana.

Outras garantias de que isso val acontecer é que meus queridos colegas de trabalho Yanick, francês, e Zolte (Checo já citado aqui) deixarão o The Merrion Hotel mais ou menos na época que tirarei férias. Como a recessão européia impede o hotel de contratar novas pessoas e o Natal seja o período de maior movimentação, estou confiante.

Assim trabalhando bastante entre dezembro e janeiro, acho que dará para ganhar dinheiro o bastante.

Curiosidade:
Acabada as viagens, o que restará é a espera pelo dia de voltar para o meu confortável lar doce lar. Mas as pessoas me perguntam: “Are you looking forward to go back to Brazil?” (falo em inglês porque a última pessoa que me perguntou foi minha supervisora lituana Rita). Mas enfim. A resposta é não sei. Manja? Tipo. Voltar para o Brasil é igual ter vindo para a Irlanda. Não sei o que esperar, então não posso dizer que estou ansioso ou não.

O que me dá vontade de voltar é a curiosidade para ver o que que vai pegar. Como vou me portar, se vou sentir saudades das Zoropa, se vou arrumar emprego, se vou querer ser jornalista, se vou querer viajar mais, se vou virar repositor de chinelo... stálingrado? Como diria o Rodriguinho Sangue Bom: ”Só sei que.... não sei. Tumtumtum The groove, the groove, the groove is in te heart”.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Postagem de quando não se tem o que postar mas se quer postar para agradar aos outros e receber comentários legais

Nesses casos, qual a solução? Música.

Mas como eu não sou mãe de ninguém, vou colocar só o nome... se estiver interesse, google it (sabia que "to google" virou um verbete no dicionário de Oxford? Papo sério).

The Strokes - On the Other Side

Artic Monkeys - A Certain Romance

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

13 de março

Dois dias atrás completaram sete meses desde que desembarquei no Aeroporto de Dublin e enfim a passagem de volta, que antes datava 15 de novembro de 2008, foi remarcada. Meu intuito era postergar ao máximo minha estada em Dublin, já que meu visto vence no dia 16 de março, e retornar lá para o dia 20. Mas como a nossa querida KLM só aceita a remarcação para no máximo um ano desde o departure do Brasil, deixarei Dublin no dia 13 de março, às 06h00 da manhã, aterrizando no Aeroporto de Guarulhos às 17h50 do mesmo dia.

Portanto restam dois dias a menos que cinco meses para o meu retorno ao Brasil e todos meus planos já estão traçados. Primeiro preciso de dinheiro, já que gastei todas minhas economias na aquisição deste laptop que vos fala e na minha aventura em terras catalãs. São estimados que eu precise somar cerca de três mil euros neste tempo que me resto.

Com essa necessidade, meu natal e ano novo estão comprometidos. Nesta época do ano é o tempo de maior movimento no The Merrion Hotel e, a partir do dia 17 de dezembro (vou tentar antes, mas acho difícil) entrarei de férias da Edem College. A partir desta data estarei apto, de acordo com o governo irlandês, a trabalhar 40 horas por semana (atualmente só posso trabalhar 20, apesar de usualmente trabalhar mais).

Assim, até o final de janeiro, meu objetivo principal será guardar dinheiro (claro que sempre procurando me divertir nesse meio tempo, mas sem gastanças estratosféricas como a da última viagem).

Enfim, a partir do dia sete de fevereiro a grande Euro Trip deve começar. O objetivo é pegar o avião mais barato para o destino mais longe que encontrar e, a partir disso, fazer de trem todo o restante do território europeu. Tem um ticket que você compra por módicos cerca de 400 euros que você pode percorrer de trem até 20 países de toda Europa no prazo de 21 dias (não pense em fazer isso também, pois isso é só para residentes europeus e, provavelmente, você não é).

Dai seria assim... vai para um país longe e legal. Fica lá ou encontra uma outra passagem de lá para outro lugar. Depois começa a viagem de trem, provavelmente termina tudo em Amsterdam, fica um tempão lá. Pega um trem extra para um outro país que tenha Ryanair e, depois disso, Dublin. E depois disso Brasil. E depois disso desemprego. E depois disso a vidinha diária de todo dia.

Bom.. é isso. Pode ser que algum imprevisto aconteça e eu mude todos os meus planos de uma noite para outra.

Tomara que eu tenha que mudar meus planos, pois, como diria a música do Butt Spencer que me vem a mente no momento: “Sua vida programada, mas uma hora a pilha acaba (ou coisa que o valha)”.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Barcelona

Esta história se passa com um amigo de um amigo meu que resolveu viajar sozinho para Barcelona.

Na segunda cidade mais importante da Espanha tem uma rua que se chama “La Rambla”. Situada no centro velho da cidade, a rua é caminho para alguns dos principais clubs de Barcelona. Se não tens o que fazer ou aonde ir quando se está em Barcelona. É só andar por esta rua que inúmeros flyers virão ao seu encontro.

Porém não é só de festas que vive esta tão popular rua (só para ter uma idéia, é um calçadão no meio, com duas ruas margeando. Se quiser saber mais, google it). Durante o caminho diversos sujeitos de procedência árabe portando latas de cerveja na mão interpelam os transeuntes com o dizer “cerveza?”. Mas isso enquanto ainda é cedo. Mais tarde algumas palavras são acrescidas em menor volume: “Cerveza..coca, haxixe?”.
Mas não é nesse tipo de perdição que este amigo de um amigo meu se envolve.

Intercalado com essas simpáticas pessoas, que as vezes até tentam te ensinar algum tipo de dança árabe, mulheres de procedência africana (da África negra, não do norte da África, você sabe né?) interceptam os transeuntes do sexo masculino com os dizeres: “Queres Foyar?” ou “Una chupada?”. É nesse tipo de perdição que este caro sujeito se envolve.

(Esta história foi me contada em inglês, mas vou traduzir os diálogos para facilitar o entendimento dos monoglotas.)

Enquanto passeava sozinho por esta famigerada calle, esse amigo do meu amigo foi diversas vezes abordado por essas distintas ladies, sempre negando seus serviços. Porém, em certo momento, uma foi um pouco mais insistente.

- Queres foyar? (esp)
- No Graciás. (esp)
- Uma chupada.
- Não, hoje não. Obrigado.
- Hoje não, então quando?
- Amanhã talvez, nunca se sabe.
- Vaaaaai. Eu quero te chupar.
- Não, obrigado.
- Gostei de você, eu quero te chupar.
- Você quer me chupar é?
- Quero.
- São cinco euros.

Então ambos caíram na gargalhada e assim começou uma ardente história de um amor de verão em pleno litoral mediterrâneo.